As estradas que nos
levam até ao Stº António da Neve, na Freguesia do Coentral, Concelho de
Castanheira de Pera, estão em tão mau estado que desanimam qualquer um que
tencione visitar aquele lindíssimo local.
Lá em cima, os Poços,
onde ainda no início do século vinte se guardava a neve que seria levada para
Lisboa através de tortuosos e perigosos caminhos; e a Capela mandada erguer por
Julião Pereira de Castro, Neveiro – Mor de Sua Majestade, em honra de Stº
António, são o culminar de uma viagem para quem ousa percorrer os quilômetros passando
pelo Coentral Grande.
Numa viagem sempre a
subir, o visitante poderia (dizemos ‘poderia’) deliciar-se com a maravilhosa
vista que o vale á sua esquerda deixa vislumbrar, com frondosas sombras, que
entre o verde das árvores convidam a um saboroso descanso, assim como a visão
das colmeias semeadas pela vertente da serra demonstrando a tenacidade do Homem
em continuar a habitar o que parece ser impossível. Já para não falar do que
até há pouco tempo seria o maior espaço de cabos elétricos entre postes de alta
tensão, bem como, práticamente a meio desta viagem; serem ainda bem visíveis os
sulcos gravados na rocha dos rodados dos carros de bois, ou outras ‘bestas’;
que transportavam a neve até á residência palacial de Sua Majestade, o Rei de
Portugal.
Mas o visitante não o
vai fazer.
Simplesmente porque são
muitos os conselhos que vai recebendo quando pergunta qual o melhor caminho pra
chegar até ao Stº António da Neve.
A resposta é invariavelmente
a mesma:
-“O mais perto seria pelo Coentral … Mas a estrada está tão má… são só
buracos. Olhe que nem de jeep eu me atrevia. Acredite. Vá antes pela estrada
que vai para a Lousã. Há-de apanhar uma placa com as indicações para o Stº
António. É mais longe. É, é… mas olhe que vale a pena”.
E lá seguem ele, eles,
o grupo, a família … … …
Seguem pela estrada
nacional ‘em direcção’ á Lousã.
Alguns iniciam a viagem
subindo ao Ameal e, lá no cimo, voltam á esquerda percorrendo ainda alguns
quilômetros… outros sobem pelas aldeias, passando pelo Poço Corga até
encontrarem a tal placa e lá se dirigem mais confiantes até ao Stº António da
Neve… mais confiantes até encontrarem também por ali o que até ao momento
evitaram:
- Buracos!
Buracos, não!
Verdadeiras crateras é o que se encontra por ambos os locais. Buracos com
alguns metros de comprimento… alguns com quase meio metro de profundidade… …
pedra solta … e para piorar a situação há ainda os arbustos que obrigam os
veículos a circular pelo meio da estrada.
Com tudo isto, os
visitantes até se esquecem da beleza do Stº António da Neve e do percurso que
fazem pela serra que ali é partilhada pelos concelhos de Castanheira de Pera,
Lousã e Góis.
Com tudo isto, já algumas
vezes os escutámos a dizer que “assim não voltamos” …
Afinal em que ficamos?
Quem é que arranja aqueles buracos? Aquelas crateras?
É que um dia destes
ninguém mais irá visitar o Stº António da Neve…
Um dia destes aqueles
três Poços ainda existentes, deixarão de existir… tal como aconteceu com os que
ali mesmo ao lado, no concelho vizinho, infelizmente, ruíram.
E como ficará a capela
do Stº António da Neve?
Aquela capela que se
encontra classificada imóvel de interesse público desde 1986? …
Antes que seja tarde, é
tempo de se fazer alguma coisa para que aquele património não passe a ser uma
miragem para os nossos filhos e netos.
Filipe Lopo
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